Excertos do discurso de Aquilino Ribeiro na Sociedade Portuguesa de Escritores, 1963

"Morro insatisfeito. A minha obra é imperfeita e bem o sinto". (...) "A Perfeição, materializada na obra humana, no livro, na estátua, na partitura, é uma hipérbole celeste. Nunca se consegue, e quando se julga conseguir é miragem." (...) "Cultivem a inquietação como uma fonte de renovamento. E, enquanto vivermos, façamos de conta que trabalhamos para a eternidade e que tudo o que é produção do nosso espírito fica gravado em bronzes para juízes implacáveis julgarem à sua hora".
in, Revista nº64 do Jornal do Fundão.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Aquilino Ribeiro e Paredes de Coura

Foi em 1933, que Bernardino Machado, sogro de Aquilino, escreveu uma carta a convidar o genro para uma visita a Paredes de Coura.

Transcreve-se essa missiva escrita em La Guardia, a 14 de Fevereiro 1933:
" Meu Caro Aquilino:
Muito lhe agradecemos a visita da Gigi e do Lininho.
Estes dias teem sido de festa.Escuso de lhe dizer que o seu belo filho tem sido o encanto de todos. Agóra mesmo, tão inteligente como serviçal, me está carinhosamente ajudando a mandar para o correio o meu ultimo folhêto anti-ditatorial. É já um prestantissimo correligionário. Não se resolve a vir até cá?
A nossa satisfação seria completa. E veria de passagem o nosso Minho, de que devia certamente de gostar muito, digo-o sem desfazer na sua Beira. Á volta, poderia mesmo ir com a Gigi e o Lininho até Paredes de Coura, da qual dizia o poeta António Pereira da Cunha, a quem Castilho ofereceu o livro terceiro das Geórgicas, que sendo o que ha de melhor em Portugal e sendo Portugal o que ha de melhor na Europa e a Europa o que ha de melhor no mundo, é sem duvida alguma a preciosidade maior de todo o mundo. Minha mulher e alguma da minhas filhas acompanha-los-iam. Tenho melhorado desde a chegada da Gigi: mais ainda me restabeleceria abraçando-o pessoalmente. Nossos Melhores cumprimentos a sua boa Mãe
Todo seu

Bernardino Machado "

Homenagens e prémios de Aquilino Ribeiro

Em 1933, foi-lhe atribuído o Prémio Ricardo Malheiros.
Entre os meses de Março e de Junho de 1952, no Brasil recebe homenagens de instituições, escritores e figuras públicas.
Em 22 de Julho de 1952, é condecorado pelo Governo brasileiro, pelas mãos do ministro das Relações Exteriores, João Mendes Fontoura, com a comenda do Cruzeiro do Sul.
Em 1960, o Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, Francisco Vieira de Almeida, propõe Aquilino como candidato ao Prémio Nobel da Literatura.
Em 1963,a Sociedade Portuguesa de Escritores, presidida por Ferreira de Castro, nomeia uma comissão para comemorar o 50º aniversário da publicação da primeira obra de Aquilino – Jardim das Tormentas.
Foi ainda homenageado pela Casa das Beiras.
Em 2007, a Assembleia da República aprovou uma homenagem, incluindo a transferência do corpo com honras de Estado para o Panteão Nacional de Santa Engrácia.

Aquilino e as suas obras

1907 - A Filha Do Jardineiro (folhetim)
1913 - Jardim das Tormentas (contos).
1918 - A Via Sinuosa (romance).
1919 - Terras do Demo (romance).
1920 - Filhas de Babilónia (novelas).
1922 - Estrada de Santiago (novelas); incluía O Malhadinhas.
1924 - Romance da Raposa (romancinho infantil).
1926 - Andam Faunos pelos Bosques (romance).
1930 - O Homem que Matou o Diabo (romance).
1932 - Batalha sem Fim (romance).
1932 - As Três Mulheres de Sansão (novelas). -
1933 - Maria Benigna (romance).
1934 - É a Guerra (diário).
1935 - Alemanha Ensanguentada (caderno dum viajante).
1935 - Quando ao Gavião Cai a Pena (contos).
1936 - Anastácio da Cunha, o Lente Penitenciado (vida e obra).
1936 - Arca de Noé III Classe (contos para as crianças).
1936 - Aventura Maravilhosa de D. Sebastião (romance).
1937 - S. Banaboião Anacoreta e Mártir (romance).
1938 - A Retirada dos Dez Mil.
1939 - Mónica (romance).
1939 - Por Obra e Graça (estudos).
1940 - Oeiras (monografia).
1940 - Em Prol de Aristóteles.
1940 - O Servo de Deus e a Casa Roubada (novelas).
1942 - Os Avós dos Nossos Avós (história).
1943 - Volfrâmio (romance).
1945 - Lápides Partidas (romance).
1945 - O Livro do Menino Deus (o Natal na história religiosa e na etnografia).
1946 - Aldeia (terra, gente e bichos).
1947 - O Arcanjo Negro (romance).
1947 - Caminhos Errados (novelas).
1947 - Constantino de Bragança, VII Vizo-Rei da Índia (história).
1948 - Cinco Réis de Gente (romance).
1948 - Uma Luz ao Longe (romance).
1949 - Camões, Camilo, Eça e Alguns Mais (estudos de crítica histórico-literária).
1949 - O Malhadinhas (edição autónoma).
1950 - Luís de Camões, Fabuloso, Verdadeiro (ensaio).
1951 - Geografia Sentimental (história, paisagem, folclore).
1951 - Portugueses das Sete Partidas (viajantes, aventureiros, troca-tintas).
1952 - Leal da Câmara (vida e obra).
1952 - O Príncipe Perfeito.
1952 - Príncipes de Portugal. Suas grandezas e misérias (história).
1953 - Arcas Encoiradas (estudos, opiniões, fantasias).
1954 - O Homem da Nave (serranos, caçadores e fauna vária).
1954 - Humildade Gloriosa (romance).
1955 - Abóboras no Telhado (crónica e polémica).
1957 - A Casa Grande de Romarigães (crónica romanceada).
1957 - O Romance de Camilo (biografia e crítica).
1958 - Quando os Lobos Uivam (romance).
1959 - Dom Frei Bartolomeu. As três desgraças teologais (legenda).
1959 - D. Quixote de la Mancha.
1959 - Novelas Exemplares.
1960 - No Cavalo de Pau com Sancho Pança (ensaio).
1960 - De Meca a Freixo de Espada à Cinta (ensaios ocasionais).
1963 - Tombo no Inferno. O Manto de Nossa Senhora (teatro).
1963 - Casa do Escorpião (novelas).
1967 - O Livro de Marianinha (lengalengas e toadilhas em prosa rimada).
1974 - Um Escritor Confessa-se (memórias).